" Nuvens solitárias "
"Outra manhã cinzenta nasce na cidade sem vento,
Um grão é semente que brota no chão sem argumento,
As vezes os morros parecem um tanto quanto cedentos,
As vezes a chuva escorre nas paredes da alma,
Lavando as aflições e devolvendo aos poucos a calma...
Corações solitários em dias nublados,
Tristezas se misturam com o ar em meio aos carros,
Em ruas infinitas que se perdem pelo mundo,
Lágrimas sólidas escorrem nas cantigas antigas;
Esse inverno é um tanto quanto assustador,
Não tinha alguém a me abraçar quando você se foi,
Devagar as tristezas dilaceravam meu coração,
Transformando a já nula melodia ,
em desafinação;
Fluindo vidas em diversas direções,
Em meio ao mar de inimigos nocivos;
Continuarei buscando abrigos.
-A vida é só um pássaro que voa por aí até a hora da morte,
Sínteses humanas de azar e sorte,
Corações vazios cheios de cortes.
Em colinas de evolução ,
Busco verdades que só interessam a mim ;
E os cantos dessa cidade já não enaltecem meus olhos,
As lágrimas tristes me cobrem até os ossos,
Não sinto remorso.
Torço para que fluam especulações ordinárias a meu respeito,
Que atirem-me as fogueiras e queimem todas minhas memórias,
Que façam dos humildes o motivo vil de suas chacotas;
E entre milhares de derrotas,
Virão as nuvens para me abraçar."
Santos, primeiro de novembro de 2012.
